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um blog de Nuno Gouveia
27 junho 2003
todo o desejo contido no beijo;
todo o saber contido no tempo;
toda a recompensa contida na dávida
e todo o poema contido no homem.
todas as coisas contidas nas coisas,
mais não são que coisas,
contidas no adeus.
todo o querer contido no nada
e já nada se perde do amor que se contem.
fixa-me cidade.
olha como dobro a esquina da tua rua...
todo o desejo contido no beijo,
esvoaça no bico,
da pomba que em ti habita.
roda o carro contido no sorriso,
e eu contemplo o teu sono irrequieto.
sonha, cidade.
sonha comigo contido neste abraço.
embebecido.
Nuno Gouveia " sobre Lisboa"
todo o saber contido no tempo;
toda a recompensa contida na dávida
e todo o poema contido no homem.
todas as coisas contidas nas coisas,
mais não são que coisas,
contidas no adeus.
todo o querer contido no nada
e já nada se perde do amor que se contem.
fixa-me cidade.
olha como dobro a esquina da tua rua...
todo o desejo contido no beijo,
esvoaça no bico,
da pomba que em ti habita.
roda o carro contido no sorriso,
e eu contemplo o teu sono irrequieto.
sonha, cidade.
sonha comigo contido neste abraço.
embebecido.
Nuno Gouveia " sobre Lisboa"
o sol bate na pedra,
que bate em mim e me deixa assim.
por detrás do vidro, as minhas plantas espreitam o dia.
sinto que sorriem,
em devaneios de poeta.
ouço uma musica muito musica,
que me invade o centro e explora por dentro.
admito que passa o tempo
e que cai a cinza, distraida no papel,
mas escorre um certo mel das coisas juntas e desarranjadas,
que o veneno da lógica não apanhou ainda.
Nuno Gouveia
que bate em mim e me deixa assim.
por detrás do vidro, as minhas plantas espreitam o dia.
sinto que sorriem,
em devaneios de poeta.
ouço uma musica muito musica,
que me invade o centro e explora por dentro.
admito que passa o tempo
e que cai a cinza, distraida no papel,
mas escorre um certo mel das coisas juntas e desarranjadas,
que o veneno da lógica não apanhou ainda.
Nuno Gouveia
18 junho 2003
17 junho 2003
procuremos somente a beleza,
que a vida é um punhado infantil
de areia ressequida,
um som de agua ou de bronze
e uma sombra que passa.
" Eugénio De Castro"
que a vida é um punhado infantil
de areia ressequida,
um som de agua ou de bronze
e uma sombra que passa.
" Eugénio De Castro"
Ser
o pássaro espreita do alto da cupula.
o maravilhoso mistério contudente
aquece e arrepia.
flecha na fantasia, de certo José no tabuleiro de xadrêz.
do que digo só sabe o poeta,
que brinca ligeiro com os simbolos da vida.
ser. isso é não ser.
não ser. isso é ser.
a propósito das corridas, as palavras não podem ser arrependidas;
tanto saber dentro de um pneu, só pode esperar que não haja um furo lento,
se não, tem que se fazer á vida e jogá-la como todos os outros.
emprestam-se sentimentos;
trocam-se sentimentos;
vendem-se sentimentos.
apregoam-se no ar, bem à vista de deus.
venha de lá uma pergunta mágica.
quem é o outro dos que falam de mim?
corre o tempo, pois corre, corre o rio.
corre comigo daqui para fora.
a liberdade! sim, a liberdade;
de ser suspeito de tudo e todos.
Nuno Gouveia
o maravilhoso mistério contudente
aquece e arrepia.
flecha na fantasia, de certo José no tabuleiro de xadrêz.
do que digo só sabe o poeta,
que brinca ligeiro com os simbolos da vida.
ser. isso é não ser.
não ser. isso é ser.
a propósito das corridas, as palavras não podem ser arrependidas;
tanto saber dentro de um pneu, só pode esperar que não haja um furo lento,
se não, tem que se fazer á vida e jogá-la como todos os outros.
emprestam-se sentimentos;
trocam-se sentimentos;
vendem-se sentimentos.
apregoam-se no ar, bem à vista de deus.
venha de lá uma pergunta mágica.
quem é o outro dos que falam de mim?
corre o tempo, pois corre, corre o rio.
corre comigo daqui para fora.
a liberdade! sim, a liberdade;
de ser suspeito de tudo e todos.
Nuno Gouveia
06 junho 2003
« á medida que conquistamos a maturidade,
tornamo-nos mais jovens.
comigo passa-se isso mesmo...
pois mantive sempre o mesmo sentimento perante a vida
desde os anos de rapaz;
nunca deixei de encarar a minha vida adulta e o envelhecimento
como uma especie de comèdia.»
Herman Hesse
tornamo-nos mais jovens.
comigo passa-se isso mesmo...
pois mantive sempre o mesmo sentimento perante a vida
desde os anos de rapaz;
nunca deixei de encarar a minha vida adulta e o envelhecimento
como uma especie de comèdia.»
Herman Hesse
quero dinheiro, para que outros o tenham.
quero paz, para dar e vender.
quero poder ser, o tal amor que para mim sonhei.
quero ter como unica ambição, o saber.
se outro em mim nascesse, mais louco ainda,
como seria, o tal futuro?
quero poder ver, tanto os astros e as galaxias,
como os homens e seus fantasmas.
quero tocar, tanto o ar que respiro, como o vento do oculto.
não me quero fazer de burro;
não quero conforto.
quero mais, muito mais, quero mais.
quero-me em flecha na fantasia;
quero acalmar as pessoas, quero um minuto da sua atenção.
mão na mão e mais ainda.
Nuno Gouveia
quero paz, para dar e vender.
quero poder ser, o tal amor que para mim sonhei.
quero ter como unica ambição, o saber.
se outro em mim nascesse, mais louco ainda,
como seria, o tal futuro?
quero poder ver, tanto os astros e as galaxias,
como os homens e seus fantasmas.
quero tocar, tanto o ar que respiro, como o vento do oculto.
não me quero fazer de burro;
não quero conforto.
quero mais, muito mais, quero mais.
quero-me em flecha na fantasia;
quero acalmar as pessoas, quero um minuto da sua atenção.
mão na mão e mais ainda.
Nuno Gouveia
o sonho quer vir à tona e o homem mantem-no lá no fundo.
tem medo, do resultado da sua explosão.
tem mão sobre o sonho;
disso não abre mão.
para que servem tantos recursos?
o egoismo, o sentido de humõr, a cólera ou mesmo o amor...
a meu ver, ao entender para que seve um deles, logo se entende
para que servem os outros.
os recursos servem à vontade de viver
e o sonho quer vir à tona porque não teme morrer.
sabe bem demais o que não sabe o homem.
vir à vida é vir à luz, e explodir é viver em tudo.
Nuno Gouveia
tem medo, do resultado da sua explosão.
tem mão sobre o sonho;
disso não abre mão.
para que servem tantos recursos?
o egoismo, o sentido de humõr, a cólera ou mesmo o amor...
a meu ver, ao entender para que seve um deles, logo se entende
para que servem os outros.
os recursos servem à vontade de viver
e o sonho quer vir à tona porque não teme morrer.
sabe bem demais o que não sabe o homem.
vir à vida é vir à luz, e explodir é viver em tudo.
Nuno Gouveia
05 junho 2003
um comboio quis partir cedo,
e uma pessoa atrasou-se e não o apanhou.
por pouco ficou,
a ver navios junto ao rio,
e riu, de perder comboios e de fazer esperar pessoas.
cantou baixinho canções de amigo,
e amou o vazio que trazia o rio.
não sabia que dizer ou pensar;
todos os rios corriam para o mar.
todo o poema se dissolvia e tornava a criar.
tudo se perdia, constantemente,
e pouco importava um comboio na sucessão maravilhosa
de um mundo a rodar.
o unico mal de aqui estar, pensou:
é não se poder para sempre aqui ficar.
Nuno Gouveia
e uma pessoa atrasou-se e não o apanhou.
por pouco ficou,
a ver navios junto ao rio,
e riu, de perder comboios e de fazer esperar pessoas.
cantou baixinho canções de amigo,
e amou o vazio que trazia o rio.
não sabia que dizer ou pensar;
todos os rios corriam para o mar.
todo o poema se dissolvia e tornava a criar.
tudo se perdia, constantemente,
e pouco importava um comboio na sucessão maravilhosa
de um mundo a rodar.
o unico mal de aqui estar, pensou:
é não se poder para sempre aqui ficar.
Nuno Gouveia
da arvore da vida,
vai caindo a folhagem.
o mundo é uma garrida,
louca bola,
voragem.
é voragem que cansa,
e enebria,
o mundo.
o que hoje é brilho e esperança,
amanhã vai ao fundo.
em breve o vento passa,
frio, sobre a campa escura,
e a mãe curva-se e abraça o filho com ternura.
os seus olhos eu quero rever.
a minha estrela é esse olhar.
pode o resto morrer,
já que tudo quer acabar.
só a mãe eterna ficará.
a que entre tudo foi primeira;
seu dedo a brincar, escreverá,
nossos nomes na brisa ligeira.
vai caindo a folhagem.
o mundo é uma garrida,
louca bola,
voragem.
é voragem que cansa,
e enebria,
o mundo.
o que hoje é brilho e esperança,
amanhã vai ao fundo.
em breve o vento passa,
frio, sobre a campa escura,
e a mãe curva-se e abraça o filho com ternura.
os seus olhos eu quero rever.
a minha estrela é esse olhar.
pode o resto morrer,
já que tudo quer acabar.
só a mãe eterna ficará.
a que entre tudo foi primeira;
seu dedo a brincar, escreverá,
nossos nomes na brisa ligeira.