Links
Archives
um blog de Nuno Gouveia
01 julho 2003
Big Bang
era uma vez um lugar vazio,
que ficava mesmo no centro da solidão do universo,
e que tinha a idade do infinito ( pelo menos para um homem como eu.)
o seu espaço vazio e negro assemelhá-va-se ao silencio, e seu pensamento, ( se realmente o tinha )
ao de um sol ardente de desejo.
de si tudo partira.
a si tudo viera.
a si tudo viria, sempre.
imagino que o sabia, e isso faz-me soltar o riso da imortalidade.
eu sou parte desse lugar;
ele deu-me à luz no seu voar.
creio que o sabia como eu, mas como era muito maior que eu,
isso fê-lo explodir mil vezes maior.
para mim ele é fogo-de-verdade;
para ele eu sou fogo-de-artificio.
esse lugar estava sempre a mudar.
mesmo vazio mudava.
ora enchendo-se de vazio, ora vazando vazio.
mudava até no eterno instante.
( tal coração de ser-vivo )
embora vazio de matéria, nunca se sentia só;
todas as coisas que lançava para fora de si, o levavam no coração de viajantes.
um dia lá regressariam, mais sabias e melhores companheiras,
toda a viagem seria boa, cheia de esperança e feliz recompensa...
mesmo assim, vazio, ele era feliz, por pensar na aventura da matéria.
por ela esperava, vazio.
sabendo que viria, como não vibrar de alegria?
qual solidão, qual quê?
a cada momento estrelas que cresciam, rotas que se abriam,
vidas que se multiplicavam, mesmo partindo para longe de si.
planetas de razões apaixonadas.
o universo era sua ideia, e tudo sempre, voltaria sempre.
o seu amor, assim vazio, corria pelos buracos negros.
a sua voz é ainda a minha.
põrra de desejo concreto, ver este lugar como mãe.
sereno e sábio.
que mãe tão linda.
muitos filhos como eu, quase nem o sentem ou procuram,
mas ainda assim vão em pleno võo.
olho para trás e grito para o querido lugar.
não me esqueci da minha missão.
levar-te-ei tanto amor quanto encontrar.
serei melhor?
mais teu filho que os outros?
não.
tenho só a sorte de me lembrar de ti, e entender que tal como tu, eu sou todos,
e que se me lembro, é por todos os que sou.
alargaremos os teus dominios nas milhares de sucessivas vidas,
e abraçaremos o que encontrarmos e sonharemos a ti voltar.
andaremos distraidos muitas vezes.
as paisagens sucedem-se e é dificil acabar tudo o que se começa.
é normal alguma distração;
ainda agora estamos a ir.
talvez por isso ame o deserto.
faz-me lembrar de lugares como tu, que tudo dão e de tudo abdicam.
ouve-se bem o vosso canto.
nada acontece e voçês cantam;
que belo canto eu ouço.
que bela noite.
do fogo para o fogo, e do gelo para o gelo, atravessam-se as terras do fogo e do gelo;
os mares de que somos feitos;
o choro belo de tal lugar;
a ausencia de todo o seu corpo, peveligiando toda a sua alma.
foi isso que não esqueci, hó lugar.
o argumento da razão em amar, tanto o dia de hoje,
como aquele que me fez partir de ti, primeiro feito gas e massa, e só agora homem e lugar.
lucido na corrente do destino.
de regresso a casa, onde estarás à minha espera,
a meio caminho de um sonho por cumprir.
Nuno Gouveia
que ficava mesmo no centro da solidão do universo,
e que tinha a idade do infinito ( pelo menos para um homem como eu.)
o seu espaço vazio e negro assemelhá-va-se ao silencio, e seu pensamento, ( se realmente o tinha )
ao de um sol ardente de desejo.
de si tudo partira.
a si tudo viera.
a si tudo viria, sempre.
imagino que o sabia, e isso faz-me soltar o riso da imortalidade.
eu sou parte desse lugar;
ele deu-me à luz no seu voar.
creio que o sabia como eu, mas como era muito maior que eu,
isso fê-lo explodir mil vezes maior.
para mim ele é fogo-de-verdade;
para ele eu sou fogo-de-artificio.
esse lugar estava sempre a mudar.
mesmo vazio mudava.
ora enchendo-se de vazio, ora vazando vazio.
mudava até no eterno instante.
( tal coração de ser-vivo )
embora vazio de matéria, nunca se sentia só;
todas as coisas que lançava para fora de si, o levavam no coração de viajantes.
um dia lá regressariam, mais sabias e melhores companheiras,
toda a viagem seria boa, cheia de esperança e feliz recompensa...
mesmo assim, vazio, ele era feliz, por pensar na aventura da matéria.
por ela esperava, vazio.
sabendo que viria, como não vibrar de alegria?
qual solidão, qual quê?
a cada momento estrelas que cresciam, rotas que se abriam,
vidas que se multiplicavam, mesmo partindo para longe de si.
planetas de razões apaixonadas.
o universo era sua ideia, e tudo sempre, voltaria sempre.
o seu amor, assim vazio, corria pelos buracos negros.
a sua voz é ainda a minha.
põrra de desejo concreto, ver este lugar como mãe.
sereno e sábio.
que mãe tão linda.
muitos filhos como eu, quase nem o sentem ou procuram,
mas ainda assim vão em pleno võo.
olho para trás e grito para o querido lugar.
não me esqueci da minha missão.
levar-te-ei tanto amor quanto encontrar.
serei melhor?
mais teu filho que os outros?
não.
tenho só a sorte de me lembrar de ti, e entender que tal como tu, eu sou todos,
e que se me lembro, é por todos os que sou.
alargaremos os teus dominios nas milhares de sucessivas vidas,
e abraçaremos o que encontrarmos e sonharemos a ti voltar.
andaremos distraidos muitas vezes.
as paisagens sucedem-se e é dificil acabar tudo o que se começa.
é normal alguma distração;
ainda agora estamos a ir.
talvez por isso ame o deserto.
faz-me lembrar de lugares como tu, que tudo dão e de tudo abdicam.
ouve-se bem o vosso canto.
nada acontece e voçês cantam;
que belo canto eu ouço.
que bela noite.
do fogo para o fogo, e do gelo para o gelo, atravessam-se as terras do fogo e do gelo;
os mares de que somos feitos;
o choro belo de tal lugar;
a ausencia de todo o seu corpo, peveligiando toda a sua alma.
foi isso que não esqueci, hó lugar.
o argumento da razão em amar, tanto o dia de hoje,
como aquele que me fez partir de ti, primeiro feito gas e massa, e só agora homem e lugar.
lucido na corrente do destino.
de regresso a casa, onde estarás à minha espera,
a meio caminho de um sonho por cumprir.
Nuno Gouveia