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um blog de Nuno Gouveia

18 julho 2003

entroncamento 

sentada junto á berma da estação,
esperava o segredo e esperava.
com o olhar cerrado pelos cabelos escuros;
com o corpo imóvel balançando no segundo;
afogada em sonhos ambiciosos, insatisfeita, mulher...

esperava o segredo e já o conhecia.
inebriava-se pelo dia.
a nuvem cinzenta, disforme e louca, boiava no azul e morria
enquanto que o ferro urgia num grito e um homem surgiu aflito,
de cores escuras que a assombravam e afligiam,
no negro aflito do segredo.

sentada junto á berma da estação,
ela não passava de uma ilusão,
e as pessoas, anjos da sua tentação.
no ar espalhou-se a voz e o futuro
enquanto procurou um elemento puro,
pouca terra, pouca terra,
a memoria de uma casa na serra.
atenção, atenção,
o segredo não pára nesta estação.

Nuno Gouveia

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