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um blog de Nuno Gouveia

03 fevereiro 2005

o selo da minha convicção
é o amor todo reunido num ponto.

EXECUTIVEL 

Frágil arbitrio, julgar as pessoas.

dizer que são, isto ou aquilo,
e dizer depois que se tem pena delas.
de que servem tantos chavões, se o tempo de aprender
é o tempo de uma vida?!
de que serve de alguém, dizer que não presta, se esse alguém existe
e pode ser tocado?
a quem pertence a razão, se no meio da lição?
quem pode atirar a milésima pedra?

É para nós que podemos olhar.

É de nós que devemos ser juiz,
e ter fé nesses outros e no seu julgamento.
quando lhes dispomos o nosso peito aberto,
é que eles baixam defesas, bem devagarinho.
quando acreditamos na verdadeira natureza do ser,
é que somos capazes de doirados silencios e de poemas no escuro
e de vitórias sobre a ilusão.
mais fácil é acusar o outro,
que é mau e porco, louco e doente.
bruto insensivel, que é culpado, está na cara.
mas de quê, vos pergunto, pedras.
que culpa pode haver na música das esferas?!

prudenciocracia 

Quem vai a votos é o José Prudente,
carregado de auto-comiseração.
Quem vota é um povo que adopta,
um filho bom tornado mau.
Uma fileira de filharada.

Quem desmembra o governo
é o Jorge Prudencio,
acossado por noticias ao lume,
no fogo colossal de toda uma carreira,
comete o que as chamas à muito lhe diziam,
forma bem arranjada de cumprir um destino.

Quem vai a votos que vá valente,
sem espelho brando que lhe faça frente,
sem penosa familia, mitigada de penúrias.

Quem vota para si, vota mais contente,
por finalmente provar que é gente
e mostrar como sente,
mediante a liberdade.

O que vai a votos é uma coragem coagida,
a eliminar da vida, uma nitida certeza.
nascer. votar. morrer.

cosmic love Posted by Hello

SOL auto-existente AMARELO 

Estavas nas traseiras do meu pensamento,
num quarto ultimamente pouco usado,
despercebido do resto da casa.
Julguei poder...
esquecer que ali estavas, que na ilusão da sequencia da vida só se acredita
no que se quer.
Estavas para mim como um hábito mal tratado, mentira, estavas para mim.
O tempo encarrega-se de nos fazer rodar e a casa move-se e tudo se mistura.
Que pena, ter que magoar, sair sempre a perder, esgotar o coração.
Estavas ali, o tempo todo, e eu levando a vida, arrumando a casa,
evitando as traseiras, negando essa presença, recusando essa força.
Porquê, me pergunto agora, num breve espaço entre duas cambalhotas,
sentimento vivo, nada zen e urgente.
Fatalmente me doi a existencia, humanamente fraca,
como uma planta fustigada, pelos demais elementos que a tornam real.
Estavas dentro de mim e sorrias constantemente.
Estavas tão plena do amor que te tenho, que toda a casa se refez paisagem.
Estavas viva.

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