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um blog de Nuno Gouveia

17 maio 2006

escreve, velho indio 

Escreve, escreve, no agora intuido.
Vaza o insulto que se acumula.
Escreve do alto da dor,
e sonha ressentido como no auge do amor.

Vazou-se o peito desmedido
e encheu-se o intimo de uma cruel tempestade de emoção.
Quando por ele deram dava voltas no caixão,
tentando mostrar a sua verdade no desespero da solidão.
E então;

Escreve , velho indio.

Envolveu-se o çéu de uma cor adamada
e pousaram no seu tempo pássaros lutadores.
Caiu chuva nos telhados coitados,
caiu de um mal a sua sombra,
e o homem acordou a gritar;
Escreve, escreve, antes que acabes.

11 maio 2006

Descarado 

E o centro amnéstico do Homem
saiu dele para os altos cumes das serras
das nuvens,do seu Deus.
Do encontro que fez nascer a liberdade

impiedosamente
a doce agonia que desdobra o dia
conforta a alma dos outros que passaram
Prazeres trocados, tatuagem complecta.

Morro de pessoas dentro das suas casas

e por ser carinhoso, elegante, ilusionista
passo mais tarde pela condição chapada
da planicie com vegetação rasteira.
Assim não me vejo como os outros me vêem.

Chá da meia-noite, bebida envenenada
Chaleira, bajulador
Chamorro do mundo evoluido.
Contraparente, contradança, com licença.
Faz antes chover no mais humano dos homens
O desafecto quer apenas chorar.

viúvo de pessoas dentro das suas casas

O descarado não sou eu, homens de Deus
são os desígnios do que dizeis saber.
Se apenas me cumpro vossa partícula
atravessando convosco estas montanhas
deixai que o errante mostre a sua parte
e cante os seus fados durante a viagem.

Na peneplanície?
Irei a pé a partir de lá.

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